segunda-feira, 21 de junho de 2010

Abrigo


E fico assim, sentado, junto ao muro.
Fico a olhar para ti,
A ver o meu reflexo no teu olhar.
Dás-me a tranquilidade que preciso,
Dás-me o sorriso que me foi tirado,
Dás-me a criança que fui,
Se não me dás, ajudas a que dê a mim mesmo.

Fico assim, a espera que digas alguma coisa
E vou saboreando o silêncio
Imagino as palavras que vamos trocar
E aquelas que nunca trocaremos.
Penso em todas as promessas
Que serão escritas na areia,
E em todos os momentos, gravados no coração.

Fico assim, e encostas a tua cabeça no meu ombro,
Olhamos as estrelas para alem do céu azul,
Olhamos as nuvens, imaginamos com que se parecem.
Vemos elefantes, gigantes, rostos,
Que se vão desfazendo com o vento
Mas não desaparecem,
Só se transformam noutras formas.

Fico assim, e não sinto o tempo passar,
Nós estamos a iludi-lo e a ignorá-lo.
Ele far-se-á sentir nas rugas no nosso rosto.
Mas agora não, somos só nós,
Em comunhão com o mundo.

Fico assim, sentido o calor do teu corpo,
Protegendo-nos um ao outro
Da crueldade dos homens,
Revivendo a ingenuidade,
Tocando o arco-íris dos nossos sonhos.

Fico assim, os tons do horizonte começam a ficar alaranjados,
O sol vai-se por mais uma vez em milhões de anos
Hoje tem mais duas pessoas a contemplá-lo.
Dizes que ficavas assim para sempre,
Só respondo com um sorriso triste
Porque também sinto o mesmo,
Mas sei que é impossível.

Fico assim, e aparecem as primeiras estrelas,
Do outro lado do pôr-do-sol
A tua respiração acalma
E adormeces nos meus braços com um sorriso nos lábios
Beijo-te a testa, encosto-me mais a ti.
Ouço o ruído silencioso da noite
E apercebo-me da ilusão do mundo.
Cai uma estrela cadente.
Peço o desejo de ficar para sempre assim.

Fico assim, e a única coisa que fica para sempre assim
É o calor da tua alma na minha.

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