sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Já não me recordo bem dos dois nomes. Talvez Miguel e Sofia. Talvez, não tenho a certeza...

Será que o cadeado que contém estes dois nomes ainda se encontra nas margens do Mondego?
Hum, com enorme probabilidade, sim.
Mas será que o sentimento que ele representa se perpetua? Ou melhor, será que este cadeado foi fechado representando algo duradouro ou simplesmente uma fogosidade de passagem? Será que Miguel e Sofia ainda dão passeios pelo parque de mãos dadas (se alguma vez o fizeram)? Será que atiraram a chave para o rio ou cada ficou com uma cópia para o dia em que o amor acabasse (sim, porque tudo acaba; sim, estou a chamar amor a uma relação que desconheço) voltasse lá e o retirasse?

Porque será que me lembro unicamente destes dois nomes? Simplesmente por aleatoriedade.

De qualquer forma, estas coisas dos cadeados até são bonitas. Mas vendo tanta gente a fazer isso, parece que a profundidade e magia se desvanecem.
Não, não faz sentido.  Haverá sempre profundidade e magia se o sentimento for verdadeiro, seja lá o que isso quer dizer.

Mas estas coisas dos cadeados são bonitas. Será que um dia farei uma coisa dessas com alguém? O cadeado estabelece uma "ligação", em termos físicos, mais forte. Enquanto a aliança se pode tirar do dedo, ele estará sempre lá preso, a representar um amor eterno (risos).
Pelo menos até alguém voltar lá com a chave, retirá-lo e com toda a força arremessá-lo para as profundezas do rio, onde repousam também outras chaves. Ou alguém voltar lá com um serrote para aço (ou uma rebarbadora, quem sabe?), cortá-lo e com toda a força arremessá-lo para as profundezas do rio, onde repousam também outras chaves.

Mas estas coisas dos cadeados até são bonitas. Espero um dia, ter um grau de ilusão suficiente para fazer uma coisa destas. Espero que Miguel e Sofia continuem juntos, vivendo na ilusão, pagãos inocentes da decadência.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Lembrei-me subitamente do "Juntos ao Luar". Da forma como transmite o amor de uma pessoa matearializado em acções não egoístas. Sim, da forma dolorosa como se tomam decisões que, contribuindo para a felicidade da pessoa que amamos, a colocam mais longe de nós. Amar é deixar em liberdade. Mas quem consegue praticar isto totalmente em todas as suas palavras e gestos? E, acima de tudo, quem consegue deixar Lídia partir sem sentir uma sensação de vazio no coração?

Deixa Lídia partir, recebe em ti a dor de não a ter mais. Pois essa dor decorre de seres imperfeito. No fundo, nunca Lídia foi e será tua. Junta a essa dor o facto de saberes que dificilmente o teu coração pertencerá a outra pessoa.

domingo, 14 de abril de 2013

É aquela sensação que te faltará sempre algo. Por mais que viages, penses, sentirás sempre que o mundo te está a esconder algo. Nem o teu amor a Lídia será suficiente. Quer vocês caminhem pelo parque tranquilamente, quer troquem beijos e abraços, saberás que não podes evitar que ela esteja sozinha. E tu também estás.

Tens que te iludir. Tens que acreditar que o teu amor por Lídia basta, mesmo que ela nada sinta por ti. Tens que tentar ser o melhor em cada coisa, crendo inutilmente que isso serve para algo. Tens que te lembrar que, quando não vires saída do labirinto e o bafejar do Minotauro estiver próximo, ainda não perdeste. Ainda vais a tempo, talvez não sejas tão forte como pensas, mas que isso importa? Respira fundo e começa de novo. E se estiveres cansado da dor de Lídia no teu coração, do peso do mundo que está dentro de ti, tenta ser como os deuses: nada te pertence, vive a tua vida como se não fosse a tua.

Saboreia o espectáculo do mundo sabendo que fazes parte dele.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Somos meras crianças. Todos os nossos desejos, aspirações, sonhos, nada mais são que ilusórias (des)ilusões. E a forma cega como os queremos alcançar, é comparável à criança que faz tudo para ter um rebuçado. Tentemos alcançar os nossos objectivos, mas simplesmente pela triste consciência de que precisamos de estar entretidos. Formulemos todo o género de conjecturas e fantasias, alimentando inutilmente a esperança de que existe uma mínima possibilidade de as atingir. Por outro lado, abdiquemos de todos os prazeres imediatos, tenhamos a disciplina de Ricardo sentado ao lado de Lídia. Percebamos que no final, nada nos resta. Tudo foi vão, excepto aquela capacidade que adquiriste de, em qualquer momento da tua vida e especialmente no final, olhares o teu percurso como se não fosse teu; sentires aquela indiferença perante tudo o que te rodeia; experimentar a serenidade de saber que nada mais somos que meras crianças.