Duas semanas passaram, Lídia,
Mas parece uma eternidade desde que partiste.
O tempo passa mais devagar
Mas o teu perfume continua com a mesma intensidade.
O aroma dos teu cabelos continua
Na almofada, no baloiço, no banco de jardim.
E quando alguma folha cai das árvores
E passa ao de leve no meu rosto
Parece o toque da tua mão.
Acho que o rio e as flores
Têm saudades tuas,
E tentam-me a passar a sua tristeza.
Há dois tipos de tristeza:
Uma, é a passageira,
Mais tarde ou mais cedo
Será tomada pela alegria
É como se fosse uma manta escura
Que tapa a luz dentro de nós.
A outra tristeza é mais implacável,
Não tapa a luz, apaga-a mesmo.
Talvez seja aquilo a que a Medicina,
Com a mania de explicar
Sentimentos com químicos e genes,
Chame de depressão.
A única tristeza que há em mim, Lídia,
É a primeira, porque o meu amor por
Ti impede que a minha Luz se apague.
Ah, acho que devia ter-te dado um beijo de despedida.
Sentir-te-ei sempre,
Mas quem sabe se te voltarei a ver?
Para quê tantos complexos
Se vamos morrer e não sabemos o que está do outro lado?
O vento acaba de me trazer uma carícia tua
E pergunta-me se quer que leve alguma coisa.
Leva um beijo meu, vento,
Para que possas sentir aquilo que devia ter feito.
Ás vezes somos fracos, sim,
Porque não nos chega uma promessa,
Porque desconfiamos,
Porque precisamos de provas.
Eu não quero mais nada de ti Lídia
Se não a tua felicidade,
E ouvir as tuas gargalhadas,
Nem que isso signifique outro homem.
Mesmo que isso aconteça
Serás sempre minha
Porque mantens a minha Luz acesa
E isso não impediu que apagasses a Tua.
Vai, Vento, leva-lhe um beijo meu,
Toca-lhe na face com suavidade,
Está na hora de ir ver o pôr-do-sol
E contemplar outra vez o teu Olhar.