Já passa das 21 horas. No final de um dia de trabalho no campo percorro a pé o caminho em direcção a casa. Vai anoitecendo tranquilamente, começa a ficar escuro, o sol já se pôs e os tons vermelhos e alaranjados do horizonte vão desaparecendo. A terra está cansada depois de mais um dia de calor, mais um em milhões de anos, as plantas respiram de alívio pois já não está tão quente, mas continua a faltar-lhes a água que tanto precisam. Noto que os grilos cantam, como é tão característico de uma noite de Verão, e como estou tão habituado, às vezes nem dou o devido valor a este pormenor (como tudo na vida).
Olho melhor para o horizonte. Uma faixa de nuvens separa duas cores diferentes: por baixo, o alaranjado que adivinha o pouco tempo que o sol se pôs, por cima azul habitual do céu, que já não tem a vivacidade do dia. Esta faixa cria um efeito bonito, retira as descontinuidades habituais das cores do céu, e parece que divide o mundo em trevas e luz, criando uma fronteira bem definida.
Páro, e fico um pouco a admirar, a sentir o momento, sorrio, e lembro-me daquilo que muitas vezes nos esquecemos: as coisas verdadeiramente Belas são aquelas que estão ao nosso alcance no dia-a-dia.
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