segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Não sei se é realidade, ou se simplesmente ela existe


Cada vez que tento olhar tudo o que me rodeia, tudo o que sou, tudo o que o mundo é e não é, mais percebo como tudo é relativo, e como as fronteiras são ténues: que o mundo não é feito de brancos e pretos, nítidos, fáceis de perceber, como por vezes os filmes e livros nos fazem transparecer. É sim de cinzentos de diversas tonalidades, sendo que uma coisa que é cinzento-claro, pode tornar-se escuro (e vice-versa) dependendo do tempo que passa, ou simplesmente do local onde se encontrar e da forma como olham para ela. Compreendo agora a necessidade de edificar e descobrir leis da natureza e do Homem, de criar valores absolutos, porque mundo é relativo e algo que parece fortíssimo, construído sobre pilares sólidos, vem-se a descobrir que é frágil, e que no fundo é tal como um baralho de cartas: basta uma brisa mais forte para se desmoronar. Perceber que basta um pequeno pormenor para aos olhos dos outros passar do 8 ao 80, ou de bestial a besta. Talvez a única coisa absoluta no fundo seja a relatividade, assim como talvez o único destino seja não haver destino, ou que a única verdade seja não haver Verdade. Percebo que entro numa maré de paradoxos, que paradoxalmente são os que têm mais sentido, ou melhor, que têm menos falta de lógica, onde as conclusões são inexistentes e quase impossíveis de extrair, e enquanto penso lembro-me daquela frase "o Homem pensa, Deus ri". Ou como se dizia num filme "a loucura é como a gravidade: às vezes basta só um empurrãozinho", mas como diz Mário de Sá Carneiro "em terra de doidos, quem tem juízo é doido", e voltamos à relatividade de tudo, relatividade essa que já é lei. Tudo é uma coisa só, pois existem ligações entre áreas aparentemente distantes: esta lei física de Einstein, apesar de partir de premissas diferentes, acaba por chagar a uma conclusão que tem como pano de fundo algo que esta implícito nas nossas relações com os outros, e também connosco mesmos, quer nas expectativas, quer nas ideias que possuímos. E parece que o mais o mais idílico e puro se situa numa terra distante, que por se situar nosso coração parece que está próxima, quase possível de se tocar, e no entanto o véu que impede que se lhe toque é tão suave, e ao mesmo tempo tão difícil de romper. E quanto mais se pensa mais difícil parece, sendo que mesmo isto é relativo.

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