Sofro, Lídia, porque uso demais a razão.
Pensar incomoda mais que urticária,
É mais viciante que droga,
Faz com que as dúvidas nos consumam.
Se para quem sente o pior da vida é a morte
(no sentido literal),
Para quem pensa o pior da vida é nascer,
Soltar um choro silencioso.
Não porque o ar lhe doa nos pulmões,
Mas porque a consciência lhe dói na alma.
Não porque se sente desprotegido fora da mãe,
Mas porque percebe a ilusão em que vive.
Nasceu, porque perdeu a ingenuidade.
É como quando, ao longe,
Parece que vemos uma linda flor amarela,
E queremos ir mais perto para contemplá-la.
Mas quando nos aproximamos,
Reparamos que afinal se trata de um ramo pálido.
A partir daí, mesmo que queiramos ver de longe,
A imagem da flor esvaner-se-á sempre.
Assim como quando se perde a ingenuidade,
Por mais que a tentemos recuperar,
Dificilmente voltará.
Quem me dera não ter chegado perto da flor.
Quando vejo os teus olhos, Lídia,
E sinto a tua cabeça encostada no meu ombro,
Sinto o meu coração estremecer,
Por breves momentos vou recuperando a inocência perdida,
Somos meras crianças,
Brincando com as estrelas.
Embala-me, Lídia, com o teu doce sorriso,
Deixa-me só ver flores, onde a palidez reina.
Mas já não estás comigo,
Foi-se o meu coração,
E os sonhos cor-de-rosa.
Que no fundo nada eram.
Para ser feliz, sê criança:
Olha o mundo com os olhos de uma.
Só assim deixarás de pensar,
E amarás, porque nada mais existe.
domingo, 17 de outubro de 2010
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Paz
Sentia-me tranquilo. Não tinha expectativas, não tinha inquietações. Estava em harmonia com a Natureza. Para além de sentir a brisa, queria ser o vento que passa, e nada mais faz. Queria ser a água que corre, e simplesmente deslizar. Queria ser os pássaros que voavam, e deixar de tocar as estrelas apenas quando sonhava.
Sentia-me em paz. Quase sentia a Paz. Gostava de ser a paz.
Acordei. Mas acho que não estava a dormir, nem me parece que tenha sonhado. Volto a sentir o peso do mundo. Foi uma miragem, ou uma ilusão. Se a única diferença entre a morte e a ausência é a esperança, entre a paixão e a maldição é a magia, a única diferença entre o sonho e a ilusão é a fé.
Sinto-me sereno. O que parecia doce e sorridente agora parece que perde a magia, a fé, a esperança: é isto que faz parte da nossa alma. Sei que nunca acabarão, assim como a Paz nunca chegará.
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