
O dia 1 de Julho de 2010 foi um dia marcado por um acontecimento (relativamente) importante. Não porque foi o aniversário de alguém que morreu (certamente que foi, só que não é isso que vou destacar), ou porque nasceu alguém com potencial para tornar o mundo um local melhor (bem, isso só saberemos daqui a uns anos). Não a grande notícia é que foi um dia de uma coisa a que nos começamos a habituar: aumento de impostos.
Uma senhora, quando entrou de manhã no autocarro, e viu que o preço do bilhete tinha aumentado 5 cêntimos, começou logo a protestar e a dizer mal do país. Só espero que essa opinião assim como muitas outras que por aí andam tenham como base uma breve reflexão. Não é só ver que os preços aumentam e começar logo a dizer mal disto e daquilo. Muitos pontos se podem destacar, e queria referir alguns.
Na campanha eleitoral para as legislativas, quando os partidos eram questionados sobre aumentos de impostos, todos os partidos garantiram firmemente que isso não ia acontecer. Apesar de alguns dizerem isso porque acreditavam que não era o caminho certo, temo que alguns tenham feito isso por demagogia. Em cerca de um ano algumas coisas mudaram, como a pressão dos mercados, as descidas de "rating", a exigência de medidas de austeridade por parte de Bruxelas (ou melhor, da Alemanha), colocaram uma forte pressão na urgência de tomar medidas para equilibrar as contas públicas. Ah, e de acrescentar que um défice que era previsto para ser à volta de 7%, por magia, afinal é 9,4% (afinal voltou a ser 9,3%, segundo novas contas do INE). No entanto não seria preciso ser muito inteligente para analisar as contas públicas e perceber que, mais tarde ou mais cedo, teria de se aumentar receitas ou cortar na despesa. O que se coloca em questão, é que há um problema estrutural na despesa pública em que falta tocar seriamente.
Estará também em causa numa altura em que a crise financeira e económica não acabou, pôr em prática medidas de impacto recessivo na economia, isso talvez deixasse Keynes boquiaberto. De recordar que ter défice não é algo mau, desde que seja utilizado para propulsionar o crescimento económico de forma sustentada. Em Portugal, talvez tenha havido um despesismo em coisas fúteis e investimentos duvidosos. Desde regalias excessivas, a subsídios atribuídos a pessoas que não mereciam, gastos em construções que não têm retorno nem grande utilidade para o grosso da população... Agora, como se gastou em coisas desnecessárias, retira-se o dinheiro às pessoas que realmente precisam e trabalham.
Finalmente, uma pequena questão interessante em relação ao aumento do IVA. Há situações em que a oferta decide não aumentar preços, e suportar o imposto, como por exemplo num café. Em outras, o consumidor suporta todo o imposto, como nos medicamentos. Mas numa situação de mercado normal, o consumidor não suporta todo o imposto, como muitas vezes se pensa. A quantidade de imposto suportado pelo consumidor e produtor depende da elasticidade da oferta e da procura, ou seja, da sensibilidade em relação ao preço. Assim, por exemplo, o consumidor suportaria totalmente o imposto se a elasticidade da procura fosse 0, isto é, se o consumidor procurá-se sempre a mesma quantidade independentemente do preço. O mais próximo desta situação seria com bens alimentares, essenciais à sobrevivência.
Fica uma breve reflexão, uma análise mais profunda fica para os especialistas. Há uma grande diversidade de pontos de vista, sendo que estas medidas visam uma sustentabilidade de longo-prazo, no entanto o longo-prazo não é se não mais do que uma soma de vários curtos-prazo.
Uma senhora, quando entrou de manhã no autocarro, e viu que o preço do bilhete tinha aumentado 5 cêntimos, começou logo a protestar e a dizer mal do país. Só espero que essa opinião assim como muitas outras que por aí andam tenham como base uma breve reflexão. Não é só ver que os preços aumentam e começar logo a dizer mal disto e daquilo. Muitos pontos se podem destacar, e queria referir alguns.
Na campanha eleitoral para as legislativas, quando os partidos eram questionados sobre aumentos de impostos, todos os partidos garantiram firmemente que isso não ia acontecer. Apesar de alguns dizerem isso porque acreditavam que não era o caminho certo, temo que alguns tenham feito isso por demagogia. Em cerca de um ano algumas coisas mudaram, como a pressão dos mercados, as descidas de "rating", a exigência de medidas de austeridade por parte de Bruxelas (ou melhor, da Alemanha), colocaram uma forte pressão na urgência de tomar medidas para equilibrar as contas públicas. Ah, e de acrescentar que um défice que era previsto para ser à volta de 7%, por magia, afinal é 9,4% (afinal voltou a ser 9,3%, segundo novas contas do INE). No entanto não seria preciso ser muito inteligente para analisar as contas públicas e perceber que, mais tarde ou mais cedo, teria de se aumentar receitas ou cortar na despesa. O que se coloca em questão, é que há um problema estrutural na despesa pública em que falta tocar seriamente.
Estará também em causa numa altura em que a crise financeira e económica não acabou, pôr em prática medidas de impacto recessivo na economia, isso talvez deixasse Keynes boquiaberto. De recordar que ter défice não é algo mau, desde que seja utilizado para propulsionar o crescimento económico de forma sustentada. Em Portugal, talvez tenha havido um despesismo em coisas fúteis e investimentos duvidosos. Desde regalias excessivas, a subsídios atribuídos a pessoas que não mereciam, gastos em construções que não têm retorno nem grande utilidade para o grosso da população... Agora, como se gastou em coisas desnecessárias, retira-se o dinheiro às pessoas que realmente precisam e trabalham.
Finalmente, uma pequena questão interessante em relação ao aumento do IVA. Há situações em que a oferta decide não aumentar preços, e suportar o imposto, como por exemplo num café. Em outras, o consumidor suporta todo o imposto, como nos medicamentos. Mas numa situação de mercado normal, o consumidor não suporta todo o imposto, como muitas vezes se pensa. A quantidade de imposto suportado pelo consumidor e produtor depende da elasticidade da oferta e da procura, ou seja, da sensibilidade em relação ao preço. Assim, por exemplo, o consumidor suportaria totalmente o imposto se a elasticidade da procura fosse 0, isto é, se o consumidor procurá-se sempre a mesma quantidade independentemente do preço. O mais próximo desta situação seria com bens alimentares, essenciais à sobrevivência.
Fica uma breve reflexão, uma análise mais profunda fica para os especialistas. Há uma grande diversidade de pontos de vista, sendo que estas medidas visam uma sustentabilidade de longo-prazo, no entanto o longo-prazo não é se não mais do que uma soma de vários curtos-prazo.
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